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Das aventuras do historiador

Atualizado: 15 de nov. de 2019


Talvez faça parte de um imaginário popular pensar que o habitat natural do historiador seja os fundos mais remotos de uma biblioteca ou arquivo histórico, e que o próprio historiador seja aquela pessoa, meio esquisita, fora da sociedade, que fala apenas de coisas passadas e que não voltam mais.


Para quem não é da área, existe um forte estranhamento sobre o historiador se apresentar em ambientes que não sejam a Universidade, biblioteca ou um escritório no fundo de alguma casa. Este, prezado leitor, seria um grande engano! Mas afinal, para que serve a história e, junto a ela, o historiador? Marc Bloch, em “Apologia da História”, diz a seu neto que, no mínimo, a história serve para se divertir. E claro, diversão é essencial para tudo que fazemos na vida. Sem o prazer de fazê-lo, qual o sentido, não é mesmo? Mas, a meu ver, a história vai muito além disso.


Pela minha limitada experiência – e é limitada pois, enquanto seres humanos, somos todos limitados – pude perceber que a história está em cada momento de nossa vida e em cada decisão tomada por nós mesmos e por nossos governantes. É a história a principal fonte para explicar a sociedade, e é a história – claro, junto às demais áreas das humanidades – base fundamental para o pleno exercício da cidadania: para exigirmos nossos direitos e efetivarmos nossos deveres... e isto nem sempre é visto com bons olhos.


É justamente por isso que historiadores devem se aventurar na atuação de áreas que não correspondem necessariamente à nossa formação, e isto, claro, com o máximo de respeito pelos profissionais das demais áreas. Precisamos fazer isso pois, se não o fizermos, outros o farão, e não necessariamente terão o respeito ou rigor científico pelo tema. O rigor não pode, jamais, faltar. No Brasil, o historiador é, necessariamente, um professor. E isso deve ser, além de ressaltado, reconhecido pela sociedade. Enquanto professores, os historiadores são intelectuais e, por isso, movidos pelo ímpeto de denunciar a corrupção, defender os injustiçados e desafiar a opressão, como já muito bem disse Edward Said, em “Representações do Intelectual”. Percebem o porquê dos historiadores e professores serem tão depreciados?


Aqui, vocês encontrão uma aventurança de professores em prol desses objetivos e mais, do diálogo! Uma experiência enriquecedora para a profissão, pois a rádio é um ambiente completamente novo para o historiador, para o professor. Ainda mais considerando o limite da fala, afinal cinco minutos para temas tão complexos é sempre muito pouco... na realidade, uma vida inteira é pouco para abordar estes temas! Mas a experiência com uma linguagem nova, na tentativa de tornar a ciência cada vez mais acessível, é realmente revigorante. Principalmente pela oportunidade de dialogar com profissionais tão comprometidos. Nos fez pensar, enquanto profissionais de diferentes áreas, o quão importante são as atividades interdisciplinares. E o quanto precisamos sempre estar abertos à novas possibilidades de diálogo. Mas como o tempo e o espaço é sempre limitado, considerem esta experiência como um convite à reflexão sobre temáticas que envolvem os povos originários do Brasil, e um pedido para que essas reflexões sejam sempre constantes.


 

Helena Azevedo Paulo de Almeida

Doutoranda pela Universidade Federal de Ouro Preto e mestre em História pela mesma instituição, onde atuou como professora substituta. É pesquisadora integrante do Núcleo de Estudos em História da Historiografia e Modernidade (NEHM/UFOP), do Grupo de Pesquisa em História, Ética e Política (GHEP/NEHM/UFOP), do Laboratório de Ensino de História (LEHIS/UFOP) e do Laboratório e Grupo de Estudos de História Política e das Ideias (LEHPI/UFES), onde desenvolve pesquisa em História do Ensino de História, Ensino de História e Ensino de História Indígena.

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